Aí está, finalmente. Depois de algum tempo negociando e fazendo alterações, a história do Nuno e do Duarte... contada a duas vozes. Vejam o que acham?
http://index-books.blogspot.pt/2016/02/todo-teu-primeiro-ebook-e-gratis.html
Contos de Machos e Machinhos
Para quem tem uns minutos e aprecia contos homoeróticos.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 4 de maio de 2015
quinta-feira, 23 de abril de 2015
terça-feira, 4 de novembro de 2014
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Tu és meu - 8 (conto gay)
Para ver inicio - cap 1
8
8
Quando
regressei à mesa estava bem mais calmo do que ele parecia ter ficado. Eu tinha
pensado sobre as coisas e tinha tomado uma decisão, sentia-me bem comigo
próprio… era o dominador que pressionava o submisso, não o contrário… o que eu
estava a fazer não podia ser.
-
Já cá estou. – sorri-lhe – não fugi.
Ele
parecia um bocado ansioso e o seu olhar estava tão penetrante como sempre. Não
sorriu com o meu comentário como eu esperara que fizesse, mas achei que se
tinha descontraído um pouco.
-
Estás bem?
-
Sim. – respondi acenando com a cabeça bem comportado
-
De certeza? – pareceu desconfiado
-
Sim. – tornei, resistido a dizer ‘sim senhor’
-
Então o que foi aquilo? – os seus olhos devoravam os meus, senti-me a corar,
mas aguentei-me
-
Um momento de impaciência… – respondi completamente seguro de mim – não volta a
acontecer.
Ele
olhou-me perplexo e pareceu claramente confuso.
-
Um momento de impaciência! – repetiu lentamente, semicerrando os olhos enquanto
tentava perceber – o que é que isso significa?
Fogo
que o Pedro era mais fácil de aplacar que este. Mas decidi dizer tudo como deve
ser, de forma simples e clara… preto no branco.
-
Significa que eu tive um momento de cavalo selvagem. – expliquei – fui
impaciente, tive tempo para raciocinar, pensei um minuto, percebi que estava
errado e acalmei-me… desculpa…
Esteve
uns segundos em silêncio, a ponderar as minhas palavras.
-
Um momento de cavalo selvagem… – repetiu pensativo
Acenei
com a cabeça sem dizer nada. Continuava desconfiado.
-
E o momento de impaciência deveu-se a quê? Pode saber-se?
-
Desculpa, não volta a acontecer.
-
Não foi isso que eu perguntei! – o seu tom endureceu outra vez e a sua voz soou
tão fria que me arrepiei… como é que ele conseguia fazer aquilo?
-
Eu prefiro que não me respondas e me digas que não me queres responder, como
fizeste antes de virmos, do que desvies o assunto… senti-me mal.
-
Preferes?
Acenei
com a cabeça a confirmar, continuando de olhos fixos no copo vazio da
caipirinha. Agora estava a sentir-me mesmo mal… isto era tão intenso e tão
stressante…
-
E preferes carne ou peixe?
Olhei-o
abismado. O quê? Nem um músculo da
sua face se mexeu, nada, parecia uma máscara de carnaval, daquelas sem
expressão.
-
Prefiro carne. – disse completamente confundido
-
Bife de vaca?
-
Sim, pode ser.
Foda-se! Mas que porra?… já tinha
vontade de dizer dois palavrões na mesma frase.
-
Outra caipirinha para acompanhar ou queres outra coisa?
-
Caipirinha se faz favor.
Ele
chamou o empregado e ficou a olhar-me em silêncio até ele chegar.
-
Dourada escalada e bife de vaca bem passado… duas caipirinhas para acompanhar e
uma garrafa de água de meio litro, fresca e sem gás, com copos para dois. – pediu
com a maior das descontrações, realmente dar ordens era uma coisa a que estava
habituado e que fazia com a maior das simplicidades
Tive
vontade de rir quando o empregado lhe respondeu com um ‘sim senhor’, mesmo
sabendo que não era no sentido que… mas mantive a boca fechada, claro, nem me
atrevi a sorrir.
O
silêncio regressou. Senti o seu olhar permanente, senti-o bem… de vez em quando
eu olhava-o também, mas não aguentava mais de um segundo.
-
O que se passa, Nuno? – acabou por perguntar
-
Nada. – sorri tentando parecer despreocupado
-
Como nada? – bradou num tom abafado, em claro esforço para se conter – de
repente tens uma explosão que ainda agora não estou certo de ter entendido bem,
depois vais para a casa de banho e desapareces durante 9 minutos! – calou-se
subitamente quando o olhei sobressaltado – que foi?
-
Contaste os minutos?
-
Não estava propriamente ocupado, pois não? – bufou – até te digo mais, tive de
fazer um grande esforço para não me levantar e ir ver o que raio te estava a ocupar
tanto tempo… mas finalmente voltas, sentas-te e não abres mais a boca a não ser
para proferir umas simples palavras soltas… é suposto eu achar que não se passa
nada?
Senti-me
a afundar na cadeira… foda-se, mas eu não fazia nada bem? Não conseguia aguentar
o seu olhar, ele parecia mesmo irritado.
-
Olha para mim se fazes favor! – ordenou azedo
Encarei-o…
sentia a cara a ferver, devia ser capaz de aquecer todas as casas do país
durante um ano.
-
Não se passa nada.
-
Como não? – resmungou impaciente – eu compreendi o que disseste, mas agora és
tu que me estás a passar um atestado de estupidez!
-
Eu sei que um submisso não abre a boca sem que lhe seja dirigida a palavra! –
defendi-me com a verdade… não estás a ser
justo, meu…
Ele
abriu os olhos de espanto e manteve-os assim enquanto tentou entender o que eu
acabara de dizer.
-
E tu estás-te a comportar como um submisso…
Acenei
com a cabeça sem saber o que ele iria dizer daquilo. Vi os olhos
semicerrarem-se enquanto os cantos da sua boca estremeceram, ouvi o que pareceu
um soluço… pensei que o tinha posto mal disposto mas finalmente, para minha
suprema frustração, abriu a boca para desatar a rir às gargalhadas.
Eu
nem queria acreditar naquela merda. Ele não se estava só a rir às gargalhadas,
estava-se a rir a bandeiras despregadas… todas as pessoas das mesas ao lado
estavam a olhar para nós e a sorrir, as gargalhadas dele eram tão genuínas,
estava a rir-se com tanta vontade que era contagiante… eu só não me ri porque
me estava a sentir frustradíssimo… acho que só a expressão americana é que
consegue explicar o que me passou pela cabeça… What The Fuck?!!... foram uns poucos de minutos daquilo, parecia
que nunca mais parava. Puta que pariu!
-
Oh Nuno, tu és impagável! – conseguiu finalmente dizer – tu não existes… leste
isso no Google, foi?
-
Na Wikipedia. – eu devia estar cor de beterraba – não é verdade?
-
Mais ou menos. – respondeu, inspirando fundo para recuperar o folego
-
Mais ou menos é um bocadinho vago. – lancei abespinhado… mas que porra…
Ele
sorria abertamente.
-
Olha Nuno, mesmo que não tivessem acontecido imensas coisas ontem e hoje que me
deram muito prazer, mesmo que não me tivesses feito sentir uma série de emoções
de que eu já tinha saudades… só este momento faria com que tivesse valido a
pena conhecer-te!
-
Porque fiz de palhaço? – resmunguei contendo-me para não cruzar os braços
-
Não fizeste de palhaço, Nuno, o que tu fizeste foi adorável, foi um momento de
uma inocência e de uma ingenuidade que só poderia ter saído de um miúdo doce
como tu.
-
Eu não sou doce! – cerrei os punhos debaixo da mesa
-
És sim, Nuno, és mesmo… podes ter um recheio amargo às vezes, mas és um doce
sim, o Paulo está absolutamente certo sobre ti. – pelo menos estava sorrir –
porque é que o fizeste? Explica-me…
-
Pensei que gostasses. – disse de sobrolho franzido, não tinha gostado mesmo
nada daquilo
-
Querias agradar-me? – sorria deliciado e os seus olhos faiscaram percebendo
que, mesmo sem responder, a minha expressão lhe dissera o que queria saber – estás
a esforçar-te para me agradar, não estás? Para que eu goste de ti…
-
Estou! – admiti
-
Eu gostei do que fizeste, Nuno. – assentiu – eu gosto do que fizeste, mas gosto
em algumas circunstâncias, não sempre, não contigo, não ainda, nunca num
momento como estes… entendes?
-
Mau sentido de oportunidade? – encolhi os ombros, aborrecido
Ele
riu-se novamente.
-
Um pouco, sim… eu tenho tido muito prazer com o Nuno conversador, que diz o que
pensa, que é rebelde e me surpreende com as suas reações…
-
Bem… surpreendi-te agora, não foi?
-
Isso é indiscutível! – confirmou com um sorriso de orelha a orelha que eu nunca
lhe tinha visto – eu não me lembro da última vez que me ri com tanta vontade,
decididamente surpreendeste-me… e digo-te mais, de todas a vezes que já me
surpreendeste, este momento bateu tudo e vai diretamente para o primeiro lugar,
vai ser difícil conseguires superar-te!
-
Eu achei que tinha passado das marcas e quis compensar sendo mais submisso e
portando-me bem. – tentei justificar-me
-
E portares-te bem é não falares?
-
Não sei, só sei que é uma das coisas que… pronto… vocês gostam…
Atrapalhei-me
um bocadinho na explicação.
-
Nós? – os seus olhos cintilavam de gozo
Eu
estava completamente confundido, mas ele parecia deliciado e estava com uma
cara de quem se estava a divertir imenso. Não conseguia perceber bem aquilo…
estava-me a esforçar para lhe agradar e ele tinha dito aquelas coisas… agora
estava a desconversar?
-
Os dominadores!
-
Entendo… e portanto achaste que não falando me podias agradar…
-
E enganei-me…
-
Eu adorei o teu raciocínio e a forma como tentaste, mas neste caso específico
enganaste-te, sim… e vou-te explicar porquê…
O
empregado chegou com as bebidas, olhando-nos curioso depois da explosão do
Duarte que fora notada na esplanada, no restaurante, no bar… até devem ter
ouvido no parque de estacionamento. Recebeu um olhar azedo e afastou-se
rapidamente. Devia estar a pensar que ele tinha mudanças súbitas de humor e eu
estava convencido que não se enganava.
-
Estás certo em muita coisa. – continuou ele depois do outro ter desaparecido –
percebeste-me bem, o que eu sou e do que eu gosto, e fico satisfeito com isso,
principalmente por continuares aí sentado… uma coisa é ter alguém absolutamente
atraído por mim e cheio de vontade de… enfim, estou habituado a isso, mas outra
coisa é esse interesse manter-se depois de se saber que tenho um feitio e uns
gostos… complicados… é verdade que sou controlador, sou muito possessivo e,
sim, gosto de dominar as minhas relações… gosto de ser eu a mandar, gosto de
ser obedecido e quando não sou, gosto de aplicar castigos para que quem está
comigo perceba que não pode, nem deve, desobedecer-me novamente…
-
As famosas palmadas…
-
Entre outras coisas… – sorriu – além disso gosto de usar um homem, mas não
gosto de abusar… gosto de ter o consentimento das pessoas com quem me envolvo
para um tipo de relação que é diferente do comum, estou habituado a usar homens
adultos, experientes, que estão perfeitamente conscientes daquilo que desejam e
que sabem perfeitamente quais são os seus limites, entendes?
-
Eu não tenho limites. – disse-lhe
O
seu sorriso abriu-se mais.
-
Tens sim, Nuno, o que tu não tens é experiência e por isso não sabes quais são
os teus limites… cada um tem os seus, são todos diferentes, mas toda a gente os
tem… entendes?
Acenei
com a cabeça… estava a adorar que ele estivesse a falar comigo e a explicar-me
as coisas como deve ser.
-
Por exemplo… do pouco que eu já percebi sobre ti neste domínio, tu aguentas
perfeitamente uma decisão unilateral do teu dominador, do tipo ‘não é da tua
competência, não te digo’… ouves, encaixas e aguentas, mas não gostaste que eu
desviasse o assunto e te ignorasse… percebi que te sentiste humilhado e não
gostaste, tal como te irritas sempre que o Ricardo te provoca mais, tal como te
ofendeste comigo quando te atirei à cara que te tinha pago o café… isso é um
limite que tens, tu não gostas de ser humilhado!
-
Quem é que gosta?
-
Muita gente! – disse ele para meu espanto – há muita gente cujo fetiche é ser
abusado verbalmente, que deliram quando lhes chamam nomes e os colocam em
situações degradantes, há gente que adora ser humilhada… é só um exemplo, eu
pessoalmente não gosto de humilhar, já to tinha dito.
-
Mas fizeste-o!
-
Sim, para te testar e arrependi-me imediatamente! Fiquei a saber o que queria,
mas nunca esperei que tivesse um efeito tão… intenso.
Fiquei
um momento a olhar para ele, só gozando o seu sorriso.
-
Do que é que tu gostas?
Foi
impossível para mim resistir à pergunta.
-
Estás como a mulher do parque de estacionamento outra vez.
-
Achas? – revirei os olhos
-
Vamos com calma, Nuno, vamos com calma nisto… lentamente, ok?
-
Porquê?
-
Porque eu quero! – respondeu-me com os olhos a brilhar – e tu vais-me obedecer…
Fiquei
vidrado nele por um momento… isto ia muito além do que o Pedro fazia ou dizia,
senti-me a estremecer… foi o que disse, foi a forma como disse, o tom, o olhar.
-
Sim senhor! – respondi de olhos fixos nos dele…
Tivera uma inspiração
súbita e acertei em cheio no centro do alvo, ele reagiu exatamente como eu
esperara que reagisse… inspirou profundamente e os seus olhos relampearam. Ele
gostara da resposta, era flagrante.
-
Neste momento estava capaz de te comer aqui mesmo, à frente desta gente toda…
tu és surpreendente!
Raios
partam que eu gostava disto.
-
O que é que aconteceu ao vamos com calma? – lancei
-
Vamos com calma na dominação… pode haver dominação sem sexo e pode haver sexo
sem dominação. – foi a sua resposta tranquila, mas o seu sorriso era
intoxicante
-
E pode haver o pack ‘dois em um’?
O
empregado chegou com os pratos.
-
Pode sim, Nuno… – sorriu abertamente – esse é o meu favorito.
-
Acho que vai ser o meu também.
-
E eu acho que mudei de ideias sobre ti. – disse então e não consegui evitar um
sobressalto apesar do seu sorriso – acho que afinal não te vou tentar domesticar,
não quero faze-lo…
-
Não?
-
Não… vou-te treinar para potenciar as tuas características naturais.
-
Eu tenho características naturais?
-
Eu acho que és naturalmente dócil e gostas de agradar, mas não me pareces que
sejas, ou alguma vez consigas ser, verdadeiramente submisso.
-
Isso é bom ou mau? – franzi o sobrolho
-
Depende do ponto de vista… há quem goste dos seus homens completamente
submissos, apagados e sem vontade própria, bonecos sem personalidade… e há
quem, por outro lado, aprecie algum… fogo…
-
O que é que tu preferes?
Ele
esteve irritantemente a esgravatar no peixe imenso tempo antes de finalmente me
olhar com aquele seu sorriso provocador.
-
Eu prefiro que sejas tu próprio e que me deixes descobrir-te.
Cerrei
os dentes para não mandar um berro e saltar para cima da mesa a dançar o samba…
que aliás nem sequer sei dançar… descobrir-me? Parecia-me muito bem…
-
E domesticar-me?
-
Sim… um pouco pelo menos, mas basicamente treinar-te, moldar-te.
-
Para te agradar…
-
Para me agradares mais, Nuno… se é que isso é possível. Não percebeste já isso?
Eu já vi que estás deslumbrado comigo, tenho experiência suficiente para o
saber sem sombra de dúvida, mas tu estás a ser inesperado e estou muito
surpreendido contigo… gostava mesmo de ter a oportunidade de te conhecer
melhor.
-
Eu agrado-te? – o meu cérebro derrapara logo na primeira frase
-
Nem fazes ideia! – disse antes de franzir o sobrolho… o meu coração parou
imediatamente – e agora é altura de cumprir a minha promessa… nós já estamos a
jantar e o momento surgiu para te responder à tal pergunta…
-
O tal medo…
Ele
acenou com a cabeça.
-
O meu problema é que tu és muito jovem e não tenho a certeza de teres a tua
mente completamente construída, tenho medo de… de alguma maneira… te fazer mal.
– explicou hesitante
-
De me fazer mal?
-
Afinal que idade é que tu tens?
-
Faço 18 anos de hoje a 14 dias.
Percebi
que isso seria um problema quando o vi esbugalhar os olhos e ficar com o garfo
apontado à boca… o peixe caiu-lhe do garfo e ele continuou de boca aberta a
olhar para mim.
-
Tu não tens sequer 18 anos? – exclamou estupefacto
Fodi-me!... pensei abanando a cabeça.
-
Mas que raio… e quando é que estavas a pensar dizer-me isso?
-
Eu não costumo andar por aí a dizer a minha idade. – defendi-me abespinhado –
olá, eu sou o Nuno e ainda não tenho 18 anos…
Aquilo
era para o fazer sorrir, mas não resultou, pelo contrário.
-
Não fales assim comigo, menino! – avisou de sobrolho franzido – não agora, não
estou com paciência!
Senti
um murro no estômago. Devo ter empalidecido.
-
Queres que me vá embora? – perguntei baixinho
-
Não! – respondeu categórico – quero que cales a boca uns minutos e me deixes
processar a informação… não falar sem que te dirijam a palavra, lembras-te?
Isto foi completamente inesperado e está a ser fenomenalmente constrangedor… eu
nunca tive tendências pedófilas antes…
Abri
a boca para lhe responder torto, mas fechei-a novamente perante o seu olhar.
Foda-se!
Era
tão injusto… não podia ser, não podia… eu
faço sexo desde os 13 anos, porra… agora que estava quase a fazer 18 é que
a puta da idade ia ser um problema? Não era possível, não era. Via-o de
sobrolho franzido a tentar comer… estava mesmo melhor que eu porque tinha-me
passado a fome… a fome e o pifo que começava a sentir, a vontade de…
Duplo foda-se!
Ora
fazia o sobrolho, ora erguia as sobrancelhas… estava mesmo a pensar, parecia
que estava falar sozinho. Olhou para mim duas vezes apenas, o que me preocupou
ainda mais… achei que estava perdido… porque é que tinha de ser assim? Porque é
que eu não podia ter sorte um momento na vida? Porque é que eu não tinha
direito a ter um tipo que me… de quem gostasse? Este era o homem mais lindo que
eu vira, estava finalmente a parecer interessado em mim e agora a puta da idade
ia interferir?
Foda-se, tenho quase 18 anos… 14 dias? Como é que isso pode interferir? É
por 14 dias? Eu não vou mudar nada em 14 dias… dasss…
Comecei
a ferver outra vez, mas que raio de sina a minha, tinha de haver sempre
qualquer coisa a lixar-me, meu… parecia impossível… mas que grande praga.
Queria sair dali, mas não o queria aborrecer ainda mais, a minha situação já
estava complicada…
-
Posso-me levantar da mesa?
Isto
despertou-o… parou de comer e olhou-me.
-
Onde vais? – perguntou
Por
mim registei que não manifestara estranheza, achara perfeitamente natural que
eu lhe pedisse permissão para me levantar. Não me iria esquecer disso.
-
Até à beira mar um bocadinho… por favor…
Não
era o momento para meter água, mesmo que achasse que ele não estava a prestar
atenção a detalhes.
-
Não acabas de comer?
-
Perdi a fome.
O
seu sobrolho franziu-se mais ainda.
-
Já está escuro.
-
Tens medo que me perca ou que fuja?
Foi
mais forte que eu, mas felizmente a sua expressão suavizou-se um pouco.
-
Eu não tenho medo de ti. – disse usando a frase que lhe tinha dito antes – leva
o casaco!
Quando
estava a descer para a areia sentia-me um bocadinho melhor. Não sabia o que lhe
estava a passar pela cabeça, mas não devia ser assim tão terrível, pelo menos
não me dissera flagrantemente que não me queria. Eu sabia que ele me queria, já
o tinha mostrado mais que uma vez. Na pior das hipóteses iria esperar até eu
fazer 18 anos… eu aguentava 14 dias. Na melhor das hipóteses conseguia dar-lhe
a volta e fazia-o descontrolar-se, já o fizera várias vezes com o Pedro e conseguira
dera-lhe a volta à cabeça de maneira que ele não queria, mas depois não
aguentara… era mais bruto nessa altura, mas isso não me incomodava…
habituara-me. Este não sabia como reagiria, mas não tinha ar de ser nenhum
monstro… mesmo que me desse umas palmadas… eu podia bem aguentar umas palmadas…
até podia se excitante.
Olhei
para trás e encontrei-o a seguir-me com o olhar. Não se movera, mas não me
perdia de vista… menos mal. Se estava atento a mim, significava que eu lhe
interessava de alguma maneira… e se lhe interessava de alguma maneira… podia
resultar. Quando ele estava presente eu também não o perdia de vista, por isso
sabia bem o que significava controlar e ser controlado. Sentia-me em stress,
mas não estava em pânico como quando ele reagira mal… não gostara de saber a
minha idade, mas também não me descartara completamente, mandara-me calar para
poder pensar.
Eu
podia aproveitar para pensar também. Desta vez falara comigo e isso era sempre
positivo. O que é que eu ficara a saber? Ele era dominador, controlador e
possessivo… certo. Compreendera bem que o Pedro não gostasse de me ver a falar
com outras pessoas, portanto era como ele e isso podia ser uma arma para mim se
fosse bem usada… sorri. Se ele tinha ciúmes eu podia-o picar com isso. Gostava
de ser obedecido e ia-me castigar se eu não o fizesse… isso não era problema
para mim, nem uma coisa, nem outra… sempre tivera de obedecer à minha avó, que
nunca permitiu que eu me esticasse, sempre tivera de obedecer ao Pedro que…
pronto… decididamente obedecer não era um problema e levar umas palmadas também
não, duvidava que ele me magoasse a sério depois de me tratar como me tratou,
com carinho e cheios de atenções… a não ser que fosse doido, afinal ele tinha
mudanças de humor, umas vezes estava muito bem e logo a seguir era frio como o
gelo… e podia estar com aquilo só para me dar a volta e me apanhar na rede… mas
não, não acreditava que me magoasse. Claro que depois teria de ver o que eram
as outras coisas, ele dissera palmadas entre outras coisas… o que seriam as
outras coisas? Castigos? Ia-me tirar a Playstation que eu não tinha? Tive de me
rir.
Sentei-me
numa das cadeiras da linha da frente, junto ao mar. Estava-se ali bem com
aquele casaco polar super quentinho. Cheirava divinamente ao seu perfume.
Ficava-me grande, mas também era natural, ele era bem maior que eu e bem mais
másculo… por favor faz com que ele goste
de mim e não me largue!... olhei para o céu, não sei bem porquê, mas fi-lo
e senti-me bem.
E
que mais é que eu sabia dele? Gostava do ‘sim senhor, não senhor’, mas isso não
era surpresa, também não estranhara que eu lhe pedisse permissão para sair da
mesa… eu também conseguia fazer isso, era só questão de me concentrar… e que
mais? Queria-me moldar para lhe dar mais prazer… ele frisara isso… não para lhe
dar prazer, mas para lhe dar mais prazer… isso significava que eu já lhe dava
prazer, mesmo sem sexo e mal me tendo tocado… isso era o eu ser mais que um
menino bonito e ele dissera que gostava de mim assim, só me queria moldar um
pouco, não queria que eu fosse um boneco.
A
verdade é que eu não me importava de ser um boneco para ele, era um homem
lindo, adorava como ele falava comigo, como me tratava bem, mesmo quando me
repreendia e era mais duro comigo… a verdade era que, naquele momento, eu
estava disposto a ser aquilo que ele quisesse, literalmente o que ele quisesse,
sentia tanta vontade de lhe agradar como sentira durante anos com o Pedro,
talvez ainda mais… estava doido com ele e era capaz de fazer tudo o que ele me
pedisse… estava sozinho e não queria, nunca estivera sozinho, sempre tivera o
Pedro a dizer-me o que fazer e a… sim, era verdade, eu gosto de fazer sexo e
sabia bem que iria sentir falta. Queria alguém assim, que me controlasse, que
me desse uso e o Duarte era tão… fantástico… e era lindo… devia ter um corpo maravilhoso
e devia saber fazer tudo tão bem ou melhor que o Pedro, era gay e tinha muito
mais experiência… porra, não podia pensar mais naquilo, estava a ficar excitado
outra vez, seria possível?
Recebi
uma mensagem… era ele. Fogo, que sentido de oportunidade.
«estás
bem?»
Pensei
um bocadinho, mas respondi quase imediatamente.
«sim,
estou a pensar»
A
sua resposta foi imediata.
«em?»
«ti»
Eu
sei, a resposta foi um bocado foleira, previsível e isso tudo, mas era a
verdade. Ele pode ter pensado o mesmo, mas não o demonstrou.
«bem
ou mal?»
«estou
com medo»
«de
mim?»
«de
não me quereres»
«achas
possível?»
«não
sei. Espero que não»
«sério?»
«muito»
«vem
para cima. Os teus amigos estão aqui»
-
Porra! – exclamei bem alto
«e
os teus?»
«também…
porta-te bem»
«vou
portar»
«não
sei se acredito»
«apostamos?»
«o
quê?»
«não
me rejeitas por causa da idade»
«só
isso?»
«sim»
«e
se não conseguires portar-te bem?»
«castigas-me…
faço o que quiseres»
«parece-me
bem… sais a perder»
«não
acho»
«não?»
«se
ficar contigo não perco»
Eu
sei… outra vez um bocado foleiro, mas era o que eu sentia, aquele tipo
estava-me a dar a volta à cabeça, meu… sentia-me desesperado por estar sozinho
e ele estava a dar-me atenção, sentia-me desesperado por sexo e ele tinha todo
o ar de… pelo menos tinha de certeza um corpo fantástico e não o conseguia
tirar da cabeça… piroso ou não, eu queria-o e faria o que fosse preciso para o
conseguir ter.
«veremos…
vem»
Desta
vez não respondi, levantei-me e regressei à esplanada fazendo um esforço para
não sorrir demais e não demonstrar muito a felicidade que estava a sentir.
Queria tanto que aquilo resultasse…
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